terça-feira, 30 de março de 2010

Recordo ainda... (Mário Quintana)


Recordo ainda... E nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...

Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...


Estrada fora após segui...Mas,ai,
Embora idade e senso aparente,
Não vos iluda o velho que aqui vai:

Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai...
Que envelheceu, um dia, de repente!...

quarta-feira, 24 de março de 2010

Escolhas...

" Só há ventos favoráveis,para quem sabe aonde vai."(Autor desconhecido)

quarta-feira, 17 de março de 2010

Como ponte sobre águas turbulentas ( Padre Zezinho)


Apenas uma refexão em dia de tempestade...


Quero ser para você como a ponte sobre o rio.

Do lado de cá, o seu hoje.

Do lado de lá, o seu amanhã.

Entre os dois lados, o rio da vida, às vezes calmo, às vezes turbulento, às vezes traiçoeiro,às vezes profundo e barrento.

Atravessá-lo é preciso...


Não sou DEUS nem pretendo brincar de DEUS.

Só ele pode levá-lo com segurança para o outro lado.

Mas eu quero ser a ponte que tornará mais fácil a travessia.
SE TIVER MEDO, PASSE NOS MEUS OMBROS.
SE NÃO QUISER CORRER O RISCO,USE MEUS OMBROS.
SE ACHA QUE NÃO CONVÉM PASSAR SOZINHO,USE MEUS OMBROS.
Se eu balançar, não fique com medo.
DEUS me colocou no seu caminho para ajudá-lo a cruzar aquele rio.
Não hesite em pisar em meu solo.
E quando já chegar, recolha-me, se quiser.
Se me entender bem, deixe-me onde estou.
Outros passarão por mim, como você passou.
Mas quero que continue a sua caminhada.
Sou sua ponte para muitas travessias da vida.
Mas tenho ainda um outro nome:
-Se quiser , pode me chamar de amigo...


segunda-feira, 8 de março de 2010

Sonho de cantador ( Zé Martins)

Trago meu canto, sobre o peito a viola.

Cantando histórias pra gente ser feliz.

Eu tenho sonhos, vejo a vida sempre em frente.

Nesse batente, meu destino eu quem fiz.



Trago meu sonho de uma vida diferente.

Onde o repente seja o tom para viver.

E ser semente plantada nesse chão.

Pra no verão, ter gente nova pra colher.



Eu sinto a vida, força nova já brotada.

Nessa arrancada rumo ao tempo que virá.

Trazendo cores e desejos mais irmãos.

Nesse meu chão e paraíso então será.



Juntar o povo, dar as mãos, é o nosso tempo!

É o momento da gente levantar, gritar ao mundo.

Vê meu canto, vê minha força...É quase louca, mas não paro de sonhar!!!!!!!!!

domingo, 7 de março de 2010

Num mundo onde a desigualdade social impera ,e a perda dos valores é iminente...

“Nós vos pedimos com insistência,nunca digam : isto é natural.
Diante dos acontecimentos, nunca digam: isto é natural,para que nada passe a ser imutável”.

Bertold Bretch

O inacabado que há em mim (Pe. Fábio de Melo


Eu me experimento inacabado. Da obra, o rascunho. Do gesto, o que não termina.

Sou como o rio em processo de vir a ser.

A confluência de outras águas e o encontro com filhos de outras nascentes o tornam outro. O rio é a mistura de pequenos encontros.

Eu sou feito de águas, muitas águas. Também recebo afluentes e com eles me transformo...

SAUDADES DO RIO DA MINHA INFÂNCIA(Joel Trinidad )

Ah! Que saudade do rio da minha infância!
Lá as águas tinham vontade própria e a gente não tinha vontade alguma de sair de lá.
_No três a gente pula, está bem?
_1, 2,3... Êba!!!!
Lá a água era doce, doce que nem os bolos de chocolate que a mãe da gente fazia e a gente levava para comer quando sentia fome, lembra?Era tão bom poder ver os amigos da gente se divertindo, enquanto o dia ia passando na maior preguiça.Subíamos na mangueira e lá de cima a gente gritava alto que nem Tarzan e se jogava de cabeça, segurando a ponta do nariz e sorrindo feito gente feliz.

Ah! Que saudades do rio da minha infância...
A tardezinha quando chovia, deixava a água quente e a gente mergulhava ainda mais fundo para buscar pedrinhas brancas e guardá-las na caixinha de madeira, cheio de iscas de peixe que a gente nunca colocava na água.As roupas ficavam ensopadas com a água da chuva e a gente nem ligava para o que a nossa mãe diria quando nos visse daquele jeito. Mas, não tinha importância não. Lá a gente não pensava no futuro. Só queríamos na verdade aproveitar a grandeza do presente.
Pensando bem, a gente pensava no futuro sim. O Zeca queria ser médico. Dizia que montaria um consultório próximo lá do rio, para que quando algum outro garoto se machucasse tivesse a quem recorrer, e assim nenhuma mãe desconfiaria quando voltasse pra casa.O Fabinho disse que seria astronauta e que lá do espaço, ele nos mandaria um sinal com reflexo de espelho quebrado, tipo aquele que a gente colocava mirando para o sol, anunciando da cerca que a turma iria se reunir no riachinho...

Ah! Que saudades do rio da minha infância...
Lá a gente era feliz e não sabia. Éramos todos ricos, ricos das próprias incertezas que a vida nos reservaria. Saudade daquele cheiro de mato, da água fria e dos sabiás moldando o cenário que a gente cresceu lembrando, e que hoje me faz chorar quando bate a saudade.Aquele cheiro de lenha queimando no fogo, o gosto do caju apanhado do pé, o cheiro de capim espinhando as costas...

Hoje puseram um cerca lá.
Puseram uma cerca onde não havia limites, onde não havia dono, onde não havia um pedaço de chão que a gente já não tivesse colocado a planta do nosso pé.
Separaram o que foi infância do que hoje tem preço. E a gente não vai mais lá.
Separaram o que era pra sempre, e puseram a metade do outro lado, como se pudessem dividir o que já foi inteiro... E a gente não pode ir mais lá.

A velha calça rasgada e os chinelos sujos de lama, já não calçam mais meus pés, é verdade. O Fabinho, hoje é o Seu Fábio, dono de um pequeno ranchinho na beira da estrada e o Zeca hoje trabalha na cidade grande e eu que nem tinha vontade de ser gente alguma, virei Doutor. Como é essa vida!

Ah! Que saudades do rio da minha infância!
Lá eu fui inteiro num pedaço que era só metade, porque o resto era dividido entre nós.
E metade... Metade já foi aquilo tudo inteiro, moço!
Deu saudade da época em que as cercas não me diziam o que dizem hoje.

PUSERAM UMA CERCA NO RIO DA MINHA INFÂNCIA E TRANCARAM O MEU PEITO NO LEITO DAQUELE RIO.

_No três a gente pula, está bem?
_1, 2, 3...Adeus!